Saturday, May 19, 2007

Entrevista


Nome: Eduardo Leopoldo Severim de Morais
Data de Nascimento: 31 de Julho de 1950 Idade: 56
Naturalidade: Lubango – Huíla – República de Angola
Nacionalidade: Angolana
Dados Académicos: Licenciado em Controlo Económico – Universidade de Oriente, Santiago de Cuba – República de Cuba.
Cargos já Desempenhados: Vice – Ministro do Trabalho para a Área Económica; Vice – Ministro da Administração Pública, emprego de segurança social; Vice – Ministro do Planeamento; Actualmente: Vice – Ministro das Finanças


ENTREVISTA
Ana LuísaSr. Vice Ministro quais os objectivos da política económica e social do Governo para o biénio 2007 – 2008?

V.M.S.M. - O PGG – Programa Geral do Governo para o biénio 2007 – 2008 sendo uma extensão do programa anterior, contém três grandes objectivos fundamentais: estabilidade macroeconómica, reabilitação e extensão das infra-estruturas e aumento da produção interna.

Ana LuísaO Sr. Vice Ministro poderia ser um pouco mais concreto na definição dos objectivos gerais do Programa 2007 – 2008?

V.M.S.M. Poderemos dizer que os princípios fundamentais antes referidos constituem três pilares de base sobre os quais se assentem 6 objectivos gerais:

Consolidação da Paz e da Reconciliação Nacional
Edificação das bases para a construção de uma economia nacional integrada e auto – sustentada.
Restabelecimento da Administração Central do Estado em todo o território nacional.
Desenvolvimento dos recursos humanos.
Desenvolvimento harmonioso do território
Consolidação do processo democrático.

Ana Luísa Porque que o Governo dá tanta importância à estabilidade macroeconómica?

V.M.S.M.A estabilidade macroeconómica é a seguir à paz, um factor determinante para criar um ambiente saudável e atractivo para o investimento privado nacional e estrangeiro. Este ambiente deve ser garantido a todo o custo, o controlo cerrado da inflação, a estabilidade da taxa de câmbio e uma taxa de juro atractiva são objectivos específicos da política macroeconómica que garantem as expectativas do empresariado.

Ana Luísa – Paz e estabilidade macro económica é suficiente para garantir essas expectativas do empresariado?

V.M.S.M. – Na minha opinião não. O País viveu mais de trinta anos de guerra violenta que destruiu quase todas as infra-estruturas económicas e sociais do país. Nesse sentido é fundamental que o Estado crie um terceiro ambiente, a que chamaria o “ambiente infraestrutural”, ou seja a reabilitação das infra-estruturas económicas e sociais. È nesse sentido que o Governo está a implementar desde 2005 um amplo Programa de Investimentos Públicos assente no pilar da reabilitação e extensão das infra-estruturas, designadamente: reabilitação das estradas e pontes, dos caminhos-de-ferro, das estações de captação e redes de distribuição de água, do sistema de produção, transporte e distribuição de energia eléctrica, dos sistemas de comunicação, do sistema de difusão radial e de televisão, dos sistemas agrários e de apoio á produção camponesa, captura e distribuição de pescado, de escolas primárias, secundárias e institutos e hospitais.

Ana Luísa - Angola é referida internacionalmente como a economia que mais cresce neste momento, essa tendência matem-se para os próximos anos?

V.M.S.M. –
Efectivamente Angola é o país com maior crescimento no mundo. Espera-se que em 2006 o PIB – Produto Interno Bruto cresça cerca de 19,5% e em 2007 a expectativa de crescimento seja de 31,2% com 15,9% em 2008. Mas o que talvez seja mais importante referir é o crescimento do sector não petrolífero com taxas da ordem dos 17,2% em 2006, 27,9% em 2007 e 19,5% em 2008.

Economia



RESULTADOS ALCANÇADOS E PREVISÕES

O gráfico apresentado pretende mostrar a evolução da economia real medida em termos do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB de um País representa a quantidade de bens e serviços produzidos internamente durante um determinado período, normalmente um ano. A medição em termos reais, traduz as quantidades produzidas mantendo os preços constantes. No caso de Angola é importante a analisar o crescimento da economia separando o sector petrolífero dos restantes sectores da economia.




Ao analisarmos o gráfico devemos salientar o seguinte: um forte crescimento do PIB petrolífero em 2002 e uma queda da produção deste sector em 2003, fundamentalmente motivada pelo encerramento ou esgotamento de poços de petróleo. Porém, a partir de 2003 o crescimento é acentuado. Por outro lado, no que diz respeito à economia não petrolífera (transportes, saúde, educação), assiste-se a um crescimento durante o período em análise (2002 a 2006) sendo de destacar o ano de 2006, onde pela primeira vez, a economia não petrolífera cresceu mais do que a economia petrolífera. Este resultado é sem dúvidas o fruto da paz alcançada em 2002.




PIP POR SECTOR ECONÓMICO E SOCIAL.

O Programa de Investimento Públicos PIP, assume em 2006 um valor de aproximadamente 6 mil milhões de USD resultado de uma forte aposta do Governo no relançamento da economia e na reconstrução do País. A análise do gráfico permite verificar a concretização dos objectivos gerais do Governo, priorizando a Educação, a Saúde, a Energia e Água, os Transportes, as Estradas e Pontes, Telecomunicações e Agricultura. Da leitura simples do Gráfico, pode-se inferir que a saúde e a educação não têm tanta prioridade como os restantes sectores. Porém, é necessário salientar que os valores dos Transportes incluem a reabilitação e re-equipamento dos Caminhos-de-ferro de Angola, investimentos de grande vulto e de valores elevados. De igual modo, a reabilitação de estradas ao longo de todo o País envolve grandes recursos monetários. O que é de salientar é o forte investimento nas infra-estruturas económicas e sociais que permitem a criação de condições para o investimento privado, o crescimento e desenvolvimento do país e a redução da pobreza.